BRISA: O FILME

“BRISA” é o primeiro filme do projeto Cinema Possível realizado em HD e o 18º desde 2007. Contamos com a participação dos artistas: Artur Gomes, May Pasquetti e Jorge Ventura além de uma bela trilha sonora criada por Marko Andrade. Roteiro, direção e montagem de Jiddu Saldanha.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Jorge Ventura: Uma entrevista exclusiva.

O Poeta Jorge Ventura.

Carioca, Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Associado à APPERJ (Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro), é também Cônsul Poetas Del Mundo (região Recreio dos Bandeirantes/RJ/Brasil), atual Diretor-suplente de Comunicação Social do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro/ Brasil) e um dos coordenadores do Movimento Poetas Sem Fronteiras. Publicou três livros: Turbilhão de Símbolos, Surreal Semelhante e Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV. Premiado em muitos concursos e festivais, como poeta e Melhor Intérprete, sua poesia também está presente em antologias, sites, jornais online e portais literários. 


CULPA

Tecido raro,
última moda.

Corpo coberto
de pano e culpa.

Mentira e classe,
dono da rua.

De mais a roupa,
de menos o homem.

(Jorge Ventura)

Cinema Possível -  Onde o poeta, o publicitário e o ator se encontram em Jorge Ventura?
Jorge Ventura -  Chamam-me de um profissional multifacetado, devido à capacidade que tenho de exercer, com dedicação e responsabilidade, diversas atividades ao mesmo tempo. O que acontece, na verdade, é que eu consigo somar paixões ( mais que aptidões) que, inevitavelmente, convergem na arte e comunicação. Não saberia fazer outra coisa também. E acredito que o ponto de convergência está
no meu olhar diferente para o mundo e, com certeza, na minha vocação para criar textos, desenvolver idéias e lidar com o grande público. O jornalista e o publicitário são minha razão; o poeta e o ator, minha emoção. E assim, vou-me encontrando. 


CP - Gostaria que você divagasse sobre suas fontes de inspiração. O papel da musa, o social, a justiça.. etc...
JV - Com efeito, o ato de escrever desata o meu grito de liberdade.  E esta minha declaração (ou será revelação?) ganha contornos épicos, quando penso na minha necessidade de expressão. Trata-se de uma verdadeira saga, uma aventura heroica, poder expressar pensamentos e sentimentos, levando o público leitor à reflexão e à sua própria transformação. Eu considero isto um manifesto libertador. E, para mim, a poesia liberta.   
O meu fazer - poético acontece de maneira muito louca, mas não menos organizada. Ora sou impactado pela explosão do desejo (a musa inspiradora), ora pela injustiça social, pela solidão ou pela morte repentina de um amigo. Às vezes, a angústia e o assombro me inquietam tão profundamente que a inspiração surge de uma catarse espontânea, sem necessariamente estar associada a algum pensamento filosófico. O que não significa dizer que não vivo atormentado pelas questões existenciais, razão pela qual escrevo em busca de possíveis respostas. 

EXECUÇÃO


não se derrama o sangue
sem causa ou vingança
não se escreve à toa
quando se mancha a folha

nem em nome do Pai
tanto pranto se esvai
depressa como a tinta
maldita mágoa à míngua

no branco secular
do papel, a palavra
agoniza e se entrega
às honras do poeta

que, herói ou vilão
(quem dele sabe então?),
ergue o sabre, sua pena,
e executa o poema

(Jorge Ventura)


Jorge Ventura recita
o poema "O Silêncio"!




CP – Fale um pouco do seu amor pelo Rio de Janeiro.
JV -  Como todos sabem, ser carioca é muito mais do que ter naturalidade, é um verdadeiro estado de espírito para um cidadão, que se revela alegre, despojado, descontraído e extremamente sedutor. Apesar de não ser mais tão frequentador das praias cariocas como antigamente, tenho pelo Rio de Janeiro tamanha admiração e respeito pela sua própria natureza. Tive a oportunidade de conhecer diversas cidades no mundo, mas não tão incrivelmente bela como o Rio de Janeiro. Infelizmente, não sou carioca da gema, porém a minha afinidade com o chão que testemunhou meu nascimento é grande.



CP – Quais são os poetas que você leu e continua lendo até hoje. O que mudou no seu plano de leitura entre a adolescência e os dias de hoje?
JV - Eu era criança quando a literatura me provocava de modo diferente. Primeiro, foram os contos de Monteiro Lobato e de José Mauro de Vasconcelos (autor de “Meu Pé de Laranja Lima”).  Depois, foram os livros de Maria Clara Machado.  A magia da leitura me encantava e as estórias faziam parte do meu imaginário. Mais tarde, fui estudar literatura no ensino médio (antigo 2º grau) e me apaixonei de vez. Mas a poesia só chegou até mim, e de maneira definitiva, quando eu conheci as obras de Fernando Pessoa, Drummond e Ferreira Gullar. Até hoje eu os leio intensamente, pois foram eles os verdadeiros responsáveis pela minha dedicação à poesia. E os considero grandes pensadores, que muito influenciaram na construção do meu Ser.

CP – O Poeta (e o artista em geral) tem sempre gana de mudar o mundo. Se você tivesse uma varinha de condão, o que você mudaria no mundo de hoje?
JV - Acho que, se pudesse, mudaria – através da arte – todo o egoísmo que habitou o ser humano. Tentaria, com a máxima força, resgatar o sentimento altruísta que, lamentavelmente, sumiu nos dias de hoje. Por isso, vemos cada vez mais a desigualdade social crescer e, ao que parece, o Homem da atualidade não está muito interessado em melhorar sua conduta. Generalizando: estamos sós, insensíveis e com os olhos voltados para o próprio umbigo. Isto é muito triste.

CP – Vamos falar de cinema?  Quais os filmes que marcaram sua vida. Qual cinema freqüentou na infância e como tudo isso te tocou a alma.
JV - A minha ligação com o cinema é tão forte quanto a que tenho com o teatro. A diferença é que atuei mais vezes sobre os palcos do que diante das câmeras. Mas a paixão é a mesma, assim como a poesia. Quem me apresentou ao cinema foi meu pai, que me levava para assistir às matinês do desenho animado Tom e Jerry. Ficava fascinado com a sala de projeção escura e apenas aquele feixe luminoso saindo de uma janelinha. Era o Cine Baronesa – hoje, uma igreja evangélica – que ficava na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Cresci assistindo aos filmes da Disney e as mega-produções da Metro e Fox. Depois, estudei um pouco de cinema, ainda na Faculdade de Jornalismo. Mais tarde, fiz cursos de roteiro para cinema e vídeo e conheci diversos gêneros, principalmente o cinema de arte. Seria quase impossível, para mim, listar os filmes que mais marcaram a minha vida, mas com certeza eu destaco os filmes de Ingmar Bergman, em especial o fantástico “O Sétimo Selo”. Se eu pudesse citar nomes de outros grandes cineastas, não poderia esquecer os nomes de Buñuel, Hitchcock, Kubrick, Kurosawa, Malle, entre outros.

CP – Quem é Jorge Ventura por Jorge Ventura?
JV - Uma criança sonhadora, ao mesmo tempo, um adulto determinado. Ou seja: um artista sensível e batalhador, incessante por realizações

Confira aqui links para saber mais sobre Jorge Ventura:

SITE DE JORGE VENTURA                  BLOG DE JORGE VENTURA


Telma da Costa comenta Jorge Ventura

Telma da Costa, poeta e cantora.
Fui no dicionário de significância de nomes para saber se a minha impressão da pessoa Jorge Ventura estava em harmonia com o que o nome evoca:
JORGE- agricultor; homem determinado e seguro de si; impetuoso; que respeita os limites das pessoas à sua volta. VENTURA- destino, sorte; risco; perigo.
O agricultor tem que ser determinado e paciente, tem que saber a hora certa da semeadura, respeitar essa semente e o tempo certo da colheita; e, acima de tudo, não pode ter medo do risco. Sim, essa é a pessoa Jorge Ventura.
O amigo Jorge foi feito em fogão de lenha, cozimento lento, amizade ainda mais saborosa. Nossa amizade foi construída com o tempo e pequenos gestos.
Dividir o palco com Jorge Ventura e seu talento é sempre um prazer, porque a cena flui. Para mim, enquanto atriz, a repetição da cena no ensaio é o maior dos prazeres no processo teatral. Foi maravilhoso perceber que para o Jorge também. Ele não se cansa de repetir a cena para melhorá-la, tornando-a orgânica e fluente.
Como poeta ele vem com suas gotas homeopáticas de poesia e luz nas letras.
Enfim, este é apenas um flash da pessoa, poeta, ator, e amigo JORGE VENTURA.



Tanussi Cardoso comenta Jorge Ventura

Tanussi Cardoso fotografado 
por Sérgio Caddah em 2002  no 
"Poesia na Quarta Capa."
JORGE VENTURA é um dos nossos grandes poetas. Tive o privilégio de escrever sobre isso, quando era colunista do jornal RIO LETRAS, cujo editor era outro grande poeta, Marcus Vinicius Quiroga. No texto, intitulado “A POESIA MULTIFACETADA DE JORGE VENTURA”, falava, entre outras coisas, de como o poeta, sem medo, expunha, sem hipocrisias, suas ideias, sua alma e, mesmo, seu corpo. Como ele se desnudava diante do leitor, permitindo, generosamente a ele (leitor), penetrar-lhe o mais íntimo de seu interior, desbravá-lo e conhecê-lo. Jorge Ventura diz “sim, à vida”, e é, humanamente, poeta.

Pois esse privilégio de ter conhecido o poeta foi-se espraiando e, logo, me foi permitido conhecer o outro lado artístico de Jorge Ventura: o de ator. Igualmente fantástico, gentil, perfeccionista, sempre preocupado com o outro, ajudando-o, dando dicas, sem qualquer pose ou estrelismo. Eu que, de quando em quando, me arrisco nos palcos, ao seu lado, sei bem o quanto Jorge Ventura se entrega para construir o melhor, a doar-se ao texto, e aos seus companheiros.
Mas o melhor de Jorge Ventura não se encontra nos palcos ou nos livros. O melhor de Jorge Ventura encontra-se no homem. É a partir dessa humanidade, desse encontro diário com o outro, nessa fonte de energia vital que brota dentro dele, que podemos encontrar a sua porção/poção melhor: a do amigo, a do irmão, a do amante integral, a do pai amantíssimo, a do homem político e social.
Conviver com o seu humor inteligente, com as suas diatribes ingênuas, com seu eterno jeito de menino-grande é um grande ensinamento para mim.
Obrigado, Jorge, pela ventura de tê-lo por perto. No meu coração.

Para visitar o blog de Tanussi Cardoso, clique AQUI

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Delayne se inseparável Violão.

Falar que Jorge Ventura é ator, publicitário, escritor significa registrar predicados. Conhecer e conviver com este ator, publicitário e escritor é comprovar seu talento, generosidade, dedicação, sensibilidade, humor, integridade. Saber de tudo isto e ainda usufruir da sua amizade é um presente único que cultivo com muito carinho.
Conheci o Jorge no movimento de poesia do Rio de Janeiro. Curiosamente e por coincidência, foi durante o evento organizado por Jiddu Saldanha, o Quarta Capa - que, naquela ocasião, acontecia no Centro da Cidade. Quando Jorge chegou ao evento, havia poucos lugares vagos, um dos quais na mesa ocupada por mim. Sugeri, então, que ele se sentasse ao meu lado. A partir daí, este lugar se transformou no espaço infinito e profundo do nosso encontro amoroso. Que bom poder, de lá para cá, abastecer e renovar nossa amizade nos eventos de poesia; nos ensaios, apresentações e eventos do grupo Poesia Simplesmente, do qual faço parte; ou nos bares e cantos da vida, onde as brincadeiras e o riso solto deste homem-menino contagiam e animam nossos corações. 
Pra terminar este depoimento, deixo aqui registrado o meu poema para o Jorge. Li estes versos no evento comemorativo dos seus belos anos de carreira artística.

Grande Ato
- Para Jorge Ventura

De olhos saltimbancos, o moleque
capta vozes e traços

Ternas caricaturas oferece
E, em troca, francos aplausos

No palco ou no papel, os versos 
tocam as almas com tato

Um artista fiel
No amor, o grande ato

(Delayne Brasil)

Para conhecer o grupo poesia simplesmente, do qual Delayne Brasil faz parte clique AQUI